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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Recomeço



 Olá!

   Quando vi a data do último post deu-me vontade de rir. Mal sabia eu o que me esperava dali a poucos dias...
    Uma semana após celebrarmos quatro anos de namoro, o "meu Principezinho" transformou-se num sapo e desapareceu por entre a lama do pântano... e para cereja no topo do bolo, a saúde falhou-me novamente. A úlcera varicosa infeccionou duas vezes seguidas e aumentou para um tamanho considerável e através de um exame que tinha feito na altura descobri que o que tinha na anca, ao contrário do que se pensava não era uma tendinite ou bursite, mas sim algo muito "melhor": uma necrose avascular da cabeça do fémur. Foi posta a hipótese de colocar uma prótese na cabeça do fémur, mas a minha médica do Lúpus achou e acha demasiado arriscado e não autoriza. Descobri ainda que tenho uma calcinose, ou seja o meu organismo em vez de absorver o cálcio espalha-o e tenho assim uma verdadeira "armadura" feita de bolinhas que por vezes saem pela pele, estilo areia, isto na perna esquerda, que é onde tenho a necrose do fémur e a úlcera, daí a extrema dificuldade para que isto cicatrize.
   Desde Maio do ano passado que tenho vindo a lutar por mim e pela minha saúde com todas as forças que tenho e quem me conhece sabe que assim o é. Não foi fácil, foi um ano que começou como um sonho e que se foi revelando um pesadelo. Não posso e nem nunca irei esquecer-me daqueles que me apoiaram, que me ampararam, que estiveram ao meu lado em momentos terríveis como nunca imaginei viver e que sem eles não me teria sido possível suportar tanta coisa ao mesmo tempo. Essas pessoas sabem que estarão sempre no meu coração e terão a minha gratidão eterna! Mas também não esquecerei aqueles que me deram as costas e me abandonaram quando mais precisei. Podia ter sido pior, podia ter sido eu a magoar alguém dessa forma terrível e a ter que viver com isso...
   Ao ano de 2012 só queria ver-lhe o fim, mas esse foi também o ano em que descobri muita coisa sobre a vida e as pessoas e acima de tudo sobre mim. Posso dizer-vos que pensei seriamente desistir. Eram demasiadas coisas para lidar ao mesmo tempo. Senti-me abandonada, traída, revoltada... Em determinada fase deixei de comer e mal dormia. Só adormecia com calmantes. Estava muito magoada. Ganhei ódio à comida e tinha raiva de mim. Achei que se fosse magra aquilo não estaria a acontecer e que talvez não fosse digna ou merecedora de ser feliz, talvez merecesse tudo de mau que estava a acontecer-me. Só via escuridão e nenhum futuro à frente. Chorei dias a fio, tive infecções tão graves que achei que ia perder a perna e todas as noites adormecia a chorar. Pensava mesmo que a minha vida tinha acabado.
   Mas do mesmo modo que muitas coisas me feriram também me ajudaram, deram-me combustível! Quanto mais pensava no mal que me tinham feito mais vontade tinha de lutar! Aqueles que me apoiaram nesta fase foram cruciais mesmo, sem eles acreditem que não estaria aqui hoje a escrever-vos! Com a ajuda deles, eu comecei a ver luz por entre as sombras, eu comecei a conseguir controlar a minha ansiedade e a colocar a cabeça no lugar. Comecei a perceber que nada nem ninguém vale uma vida! Comecei a juntar os cacos do que restou e a pouco e pouco fui recuperando uma parte importante de mim que estava entorpecida pelo sofrimento, a minha alma guerreira! Os dias e meses foram passando, e ao contrário do que temia não voltei a procurar refúgio na comida. Hoje, o meu lado racional já se vai distanciando cada vez mais do emocional, e embora ainda não consiga falar do passado sem dor ou mágoa, sei que estou sem dúvida mais forte e mais preparada para enfrentar o futuro. Sei com toda a certeza que estaria já muito melhor se não tivesse esta ferida que me obriga a repouso com a perna elevada. Isto também tem o seu peso emocional e muitas vezes ainda me "deita para baixo". É penoso não poder tomar banho normalmente, não poder andar muito ou estar muito tempo em pé, ter dores, não poder ir ao ginásio, sair para fazer as minhas coisas e ter que pedir aos outros, estar confinada a quatro paredes e sair apenas para ir ao hospital suportar a dor dos curativos diários, que passaram pelos desbridantes mais ou menos agressivos até aquele maldito fósforo de nitrato de prata para queimar a ferida. Mas esta foi e continua a ser mais uma luta a juntar às muitas que já travei, sozinha contra esta doença. Sozinha, porque embora tenha o apoio de tanta gente, ninguém pode sentir as minhas dores ou melhorar por mim. Isto é uma luta tanto física quanto psicológica. Tenho mesmo muitas saudades do ginásio e das minhas 2h de cardio e tenho ainda mais saudades da piscina, coisas que até isto fechar estão fora de questão.
   Estou com 95 kgs, já estive com 92kgs, mas devido a esta situação de repouso absoluto não me é possível fazer melhor. Não importa, o que me importa é que tenho mantido estes 95kgs à meses, apesar de todos estes contratempos.
   Não sei o dia de amanhã, mas muitas certezas ficaram comigo! Fui criada por um Pai que sempre me incutiu valores: não roubar, não mentir, ser honesta e leal, cultivar o carácter a fim de que a nossa palavra valesse tanto como um contrato assinado. Até hoje, mesmo depois da sua partida, esses valores moram em mim. Tenho um repúdio imenso à mentira e à traição, como qualquer pessoa de boa índole, de modo que a mim e desculpem-me a expressão nortenha: só me fodem uma vez! Por isso e muito mais, gosto muito de ser quem sou, porque nunca calquei a cabeça a ninguém para me dar bem na vida e nunca nenhum dos "meus" algum dia poderá dizer-me: tu traiste, foste infiel, enganaste, mentiste, não cumpriste a tua palavra, não honraste a tua dívida, etc. Tenho muito orgulho em mim, por tudo que conquistei, pelo tanto que sofri e caí, mas sempre me levantei, por nunca ter usado a minha doença para terem pena de mim, mas sim para dar o exemplo, por nunca ter desistido perante tantas adversidades que a vida sempre me apresentou e por me respeitar enquanto mulher e saber do meu valor, embora muitas, muitas vezes me esquecer dele por estar tão enterrado debaixo de uma baixa auto-estima...  A maior certeza que carrego é neste meu recomeço hei-de continuar a lutar dia após dia e no fim triunfarei, pois sei que o meu Pai me guia e me protege, sempre com a mão sobre o meu ombro! 
   Por isso vos peço, quando estiverem em baixo seja por que motivo for e vos apetecer desistir, lembrem-se deste testemunho! Acreditem que não foi nada fácil para mim escrevê-lo! Desisitir é fácil, a nossa forma de enfrentar os obstáculos é que mostra a massa de que somos feitos! Na nossa História não rezam os fracos nem os cobardes! LUTEM SEMPRE!

Obrigada a todos por "me ouvirem"! ♥ ♥ ♥




"E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma."

Fernando Pessoa


sábado, 5 de maio de 2012

EU HOJE DECIDI DEIXAR DE SER GORDA/O!



   No último post deste blog, ou seja, em Agosto de 2011 eu referia estar com 110 kg. Isto apesar de andar no ginásio desde Abril e ter lá entrado já com 106 kg. É certo que a princípio só fazia piscina, mas depois ganhei coragem e passei a fazer cardio. O Professor M. foi impecável comigo desde o início, sempre atento, preocupado e a tentar fazer o melhor para mim, e eu em vez de aproveitar a oportunidade que me estava a ser dada, fazia só asneiras, algumas consciente, outras inconscientemente. Erros crassos mesmo! Por muito que eu treinasse e me esforçasse, e acreditem que havia dias em que me esforçava mais do que podia, não saía do sítio, aliás, só continuava a ganhar mais peso!
   Quando em Outubro fui à consulta de Endocrinologia e a balança me apontou 113 kgs fiquei chocada, mas ao mesmo tempo revoltada pois achava que estava a fazer tudo bem. A verdade é que era só na minha cabeça! O que estava errado então? Eu tomava mais cortisona para poder aguentar os treinos, o que me diminuía o efeito dos treinos no organismo e o metabolismo; deixei de comer sopa no início das refeições e voltei a aumentar a quantidade no prato (este erro é indesculpável, uma vez que já tinha engordado anteriormente pelo mesmo motivo), porque na minha cabeça achava que se não comia a sopa podia comer mais, ora uma vez que o estômago é um músculo, se comermos mais ele vai alargar e obviamente vamos tendo mais fome, para rematar ainda saltava refeições... Nem preciso dizer nada quanto à reacção dos médicos e treinadores quando lhes contei estas minhas brilhantes mudanças... Para vocês verem o quanto eu andava alienada de tudo, só me dei conta de todos estes erros após ter calibrado a banda! 
   Desta vez, a calibração foi feita mesmo na máquina do raio x. Foi muito complicado conseguir introduzir a agulha no reservatório, pois eu tenho muita gordura na zona abdominal, mas por fim o Dr. John lá conseguiu e correu tudo bem. A banda continua no sítio, tudo direitinho para meu espanto. Esperei UM ANO por esta calibração. Isto porque a lista de espera era infinita, a máquina estava sempre a avariar, o que só fazia aumentar essa mesma lista e depois foi pedida uma máquina nova e foram precisas obras na sala de raio-x para pôr tudo a funcionar. Fiz a calibração no dia 28 de Novembro de 2011 e consegui num mês e pouco perder 11 kilos. Nessa altura, eu já estava a fazer um novo plano de exercícios, bem diferente do plano inicial. Pouco antes disso e para mal dos meus pecados o Professor M. deixou de estar tão presente no ginásio e confesso ao princípio me senti um pouco perdida e já não tinha tanta confiança em mim.Só pensava que mesmo com treinador a orientar-me eu já estava a engordar, imaginem agora sozinha? Sei que isto vos poderá parecer infantil, mas eu sou assim insegura por natureza.
   Até que um dia apareceu o Professor E.  Muito simpático e prestável, ajudou-me com qualquer dúvida que tivesse e exliquei-lhe todos os meus problemas de saúde e limitações. Baseado nisso traçou-me um novo plano de exercícios, que para variar achei que não fosse aguentar. Fiquei a olhar para aquilo e pensei ironicamente: este senhor deve ter mesmo muita fé em mim. Para vocês terem uma ideia, no plano inicial em Julho com o Professor M., eu comecei com 30 mn de passadeira e 20 mn de bicicleta e saía de lá a morrer, mal me podia mexer. Como iria eu aguentar agora um aumento de tempo e resistência? Elíptica? Nem pensar, não ia aguentar...Este é um cenário típico: os outros terem mais fé em mim do que eu. E eu não sei o que o Professor E. viu em mim para achar que eu ia aguentar aquela mudança, mas o certo é que viu e acreditou muito mais em mim que eu própria. Por muito que o meu corpo quisesse desistir e atirar-se para o chão, a minha alma estava cheia de energia e esperança e não sei porquê senti que desta vez a borboleta iria finalmente sair do casulo e abrir as asas. Agarrei-me mais do que nunca à memória do meu Pai e quando tinha dores ou achava que não podia mais, era nele que pensava. Como é natural os primeiros treinos foram complicados, não vou dizer que fiz tudo com facilidade, mas depois de me habituar acreditem que me sentia bem. Após fazer com o Professor E. uma nova avaliação física, vi novamente aumentanda a intensidade e duração do treino. Achei que ia deixar ficar lá uma perna ao fim das duas horas de treino, mas surpreendentemente estava a aguentar-me bem. Foi graças ao treino e ao cumprimento rigoroso da dieta líquida pós calibração que consegui passar dos 113kgs para os 102kgs. Tinha perdido peso e aguentava duas horas de exercício! Estava super motivada e mesmo muito feliz! “Agora é sempre a perder!” – pensava eu com os meus botões. Finalmente vou transformar-me na pessoa que sempre quis ser! Mas havia um senão...
   Em Setembro/Outubro, não posso precisar ao certo, apareceu-me uma úlcera varicosa na perna esquerda. Uma vez que já tinha tido uma à muitos anos atrás, eu já sabia o que me esperava, mas ao mostrar à minha médica do hospital, ela respondeu que até estava muito bem e para eu continuar a fazer os tratamentos em casa. Quero sublinhar que os curativos que eu fazia eram baseados na minha experiência anterior, em pesquisas da internet e em perguntas que ia fazendo aos farmacêuticos... Ao longo destes meses a ferida nunca cicatrizou, mas também nunca infeccionou. Uma vez que eu não sou enfermeira, nem médica, obviamente haviam coisas que eu fazia e não devia ter feito como por exemplo molhar a ferida e eu lava-a com Betadine para o banho. Também não deveria colocar Betadine, pois não ajuda na cicatrização e depois de limpar com soro, era exactamente o que eu colocava, Tudo isto aliado ao facto de eu não fazer o mínimo repouso ou sequer manter a perna ao alto para melhorar o retorno venoso. Hoje, eu sei tudo isto da pior forma. 
   Não vendo melhoras e achando que isto estava a piorar, fui à minha médica de família que prontamente me encaminhou para enfermagem. Conclusão: depois de ter tido um mau começo: ganhei uma infecção por me terem posto um adesivo impermeável com pomada e sem compressa, a úlcera aumentou visivelmente e passei a ir  fazer os curativos duas vezes por semana ao posto médico, além disso estou proibida de fazer ginásio, pois não posso estar tanto tempo em pé, a forçar a perna. Não vos vou mentir, eu já imaginava que isto fosse acontecer, daí eu ter demorado tanto tempo a ir ao posto médico... Eu sei...
   A isto chama-se a alegria de ter Lúpus! Tenho tentado ser positiva mas não consigo! Parece que sempre que estou tão perto de deixar os três dígitos tem que me acontecer alguma coisa que o impeça! Que raio de maldição será esta? E depois as pessoas admiram-se de eu engordar, de eu por vezes desistir, deixar-me cair de novo! Em três anos de banda gástrica já viram quantas coisas más me aconteceram??????? Neste momento, já tento não pensar em nada, nem no quanto chorei na primeira semana de curativos, nem nas dores terríveis que sinto, nem no nó na garganta que tinha quando fui ao ginásio e tive que dizer ao meu treinador que ia que pôr a minha inscrição em suspenso... não imaginam o quanto engoli em seco para não chorar... O meu pensamento agora, para não enlouquecer de vez é: pelo menos, quando a ferida fechar, daqui a muitos meses, eu já vou poder voltar à piscina, o que nos últimos tempos não era possível por razões óbvias. E vou tentar, se não conseguir perder mais, pelo menos segurar estes 102 kg e tentar não deixar a tristeza apoderar-se de mim, para não voltar a afogar as mágoas em porcarias e ver-me de volta aos 113 Kgs ou mais...
    E agora um recado às pessoas ditas saudáveis que ultimamente tenho visto muito em determinados grupos a dizer que a banda não resulta: não é bem assim! Não é a banda que não resulta, nem os médicos que têm culpa, nem o resto das pessoas que nos acompanha!  No meu caso tenho uma doença estúpida e complicada que me vai minando o caminho, mas o que não resulta na verdade somos nós, é a nossa atitude derrotista, é o continuarmos gordos, quando digo isto refiro-me à nossa mentalidade. Lembro-me agora quando surgiu a publicidade inicial à Cirurgia Bariátrica, a rapariga dizia: "Eu hoje decidi deixar de ser gorda" - e é verdade. Enquanto continuarmos a pensar como gordos nunca sairemos do sítio. Deixar de ser gordo é muito mais do que perder peso! É sermos honestos com nós próprios, querer muito e tomarmos essa decisão do fundo na nossa alma: EU HOJE DECIDI DEIXAR DE SER GORDA/O!

domingo, 7 de agosto de 2011

Como um rio



Olá!

Aqui estou eu de novo, após longos e longos meses de ausência. A verdade é que não tenho coisas boas para vos dizer, a começar pelo meu peso: 110 kgs. Sim, leram bem! 110 kgs...
Sinceramente dou voltas e voltas na minha cabeça e não consigo perceber o porquê de muitas coisas, sendo a principal o porquê de anos e anos de dietas falhadas e agora, mesmo após a colocação da banda gástrica continuar a falhar. A primeira coisa que me ocorre é que sou apenas humana, sou feita de carne e osso e não de ferro, a segunda é que tenho Lúpus e uma série de limitações associadas a esta maldita doença, o que não me ajuda mesmo nada. Quanto à terceira e não menos importante tem a ver com a família. Em relação a este assunto não vou obviamente expor a nossa vida, vou apenas referir que, quando somos um pilar importante da nossa casa, temos uma série de responsabilidades que nos são muitas vezes impostas e as pessoas contam connosco para muitas coisas, isto só pode ter um resultado: acabamos por nos deixar para último plano e muito pouco ou quase nada sobra para nós, porque damos e damos e damos. A verdade é que para mim este papel sempre me foi estranhamente confortável. Porquê? Porque me sentia útil, dava-me alegria sentir que a minha existência não era em vão, mas fazia sentido para alguém. Adorava cozinhar, inventar pratos e ficava muito feliz por ter tudo pronto quando as pessoas chegavam a casa. Gostava mais ainda quando a minha comida era apreciada. De certa forma, eu precisava da aceitação das pessoas para me sentir bem. Ao mesmo tempo, eu queria literalmente esconder-me do mundo, não queria que me vissem com os meus quase 130 kgs, ou se vissem que fosse o menos possível. Sentia-me mal comigo mesma, tinha dificuldade em andar, em respirar, em quase todas as tarefas banais do dia-a-dia. Então, nestas quatro paredes, eu encontrava o meu refúgio e na comida o meu conforto. Assim fui desenvolvendo uma relação de dependência com a comida, sem sequer me aperceber disso.
Hoje já nada da minha vida anterior faz sentido. A minha vida mudou muito e eu quero ser livre! Quero ser feliz, construir uma vida! Algo que dantes nunca me pareceu ser possível. Agora, quando olho para trás sinto uma certa raiva de mim mesma. Raiva por não ter sido mais corajosa, por ter desistido tanto e me ter conformado demasiadas vezes! Raiva porque quando podia não fiz algo por mim e agora quero tanto e não consigo!!
Para vocês terem uma ideia da minha realidade actual, não imaginam o que sofri ontem ao tentar cortar as unhas dos pés. E não, não é do peso, pois só tenho dificuldade com a perna esquerda, que é onde tenho uma Bursite troncantérica da anca. Por causa das dores causadas por este problema parei de fazer caminhadas, fiz fisioterapia e a minha reumatologista deu-me uma infiltração. Nada disto resultou, a dor continuou e continua aqui, persistente e piora de cada vez que há mudança de tempo. Devido à minha nefrite lúpica também não posso tomar anti-inflamatórios. Portanto as únicas opções que tenho são: sofrer ou tomar mais cortisona, algo que tenho feito mais vezes do que gostaria. Isto também não ajuda na perda de peso.
Em Abril, inscrevi-me num ginásio, mas só fazia piscina. As pessoas perguntavam porque não fazia um bocadinho de passadeira ou algo do género e a minha resposta, característica do meu derrotismo era logo: "Não posso, não consigo"- mesmo sem sequer me ter informado. Citando o meu Principezinho: "Já tentaste?".
Como posso ser assim? Se nem sequer tento, como posso saber se consigo ou não? Mal pensava em subir as escadas para a sala de Cardio, só me imaginava a cair na passadeira ou as pessoas a olharem para mim de lado, tinha um medo terrível de passar vergonhas! Certo é que a piscina não estava a ajudar na perda de peso, mas ajudou muito nas dores nas articulações. Para além disso, senti uma grande diferença na perna, não sinto o tendão tão preso quanto antes e ganhei mais força nos músculos. Apesar disto, a balança não perdoou e quando a vi presentear-me com 110 kgs, a vontade que tive foi de parti-la, mas resisti e achei por bem fazer alguma coisa. Era urgente mudar!
Enchi-me de coragem e pedi uma avaliação física, algo que já deveria ter pedido logo que entrei no ginásio para ver se realmente estava a ganhar massa muscular ou a engordar novamente. A avaliação foi assustadora: 110 kgs + 47.7 de massa gorda! Sem comentários...
Baseado no meu catálogo de doenças e limitações, o professor M. criou um plano de treino à minha medida. Estou a fazer passadeira, bicicleta, alguns aparelhos de musculação e sempre que posso vou ainda à piscina para relaxar e fazer alongamentos. A balança ainda não desceu, mas ainda fiz poucas aulas, cerca de 17 desde o fim de Junho... só? Pois... aqui entra a parte da família... ;)
Como não tivesse já dores suficientes, começo agora a ter dores nos calcanhares após fazer esforço, sendo esta uma consequência do exercício. Qualquer pessoa no meu lugar já teria desistido, mas eu prometi a mim mesma que isso não é opção e nunca mais hei-de desistir de mim, irei sempre lutar. Poderei não ser o melhor exemplo de perda de peso rápida ou constante, mas sou sem dúvida um grande exemplo de perseverança e força, face às limitações que tenho. Sou como um rio...
Estou desde Dezembro à espera de nova calibração de banda e da marcação de nova consulta de psiquiatria. Devo confessar que arrumei os anti-depressivos e afins desde que entrei no ginásio, a esse nível também me ajuda muito, liberto tensões acumuladas e distraio-me. Eu que nunca tinha entrado num ginásio, não me imagino agora sem exercício! A nova consulta de nutrição é no fim deste mês. Resta-me esperar.
Resumindo, hoje compreendo muitas coisas que ao princípio me passavam despercebidas. Tenho que pensar mais em mim, ter atenção a TUDO o que como, parar de me conformar com as situações, lutar pelos meus sonhos. Acima de tudo controlar a minha parte emocional, a fim de não voltar ao que era, ou seja, alguém que vivia numa ilusão, onde o químico para a felicidade era a comida!


Pai, hei-de fazer com que te orgulhes de mim!!!! <3

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Porque eu não sou normal... E vocês?


Porque eu tenho ouvido um pouco de tudo, mas mesmo TUDO! O último milagre foi de alguém que com a banda gástrica perdeu nada mais nada menos que 60 KGS em DOIS MESES!!!!!!! Então a única conclusão que eu tiro de tudo o que oiço destes verdadeiros semi-deuses é que eu não sou normal! E a maioria das pessoas que coloca a banda também não!!
Como tal deixo aqui um poema de um dos heterónimos de um dos meus poetas preferidos: Fernando Pessoa, que neste caso assenta como uma luva...




Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses! Onde há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos


__________________________

(PS: Já perdi mais um kilo! ;D )



Reservatório ao contrário


Olá a todos!


Eu devo ter sido uma verdadeira cabra numa vida anterior. É a única explicação que encontro para tudo que me acontece...
Quase um ano após colocação da banda gástrica e por todos os contras que tenho na saúde, o meu peso practicamente estagnou, sendo que por mim já não consigo perder mais, a não ser que fizesse loucuras que me prejudicariam muito.
Estava portanto à espera desde Agosto para calibrar a banda, e agora, seis meses depois sou chamada. Quando recebi a chamada do médico até pensei que estivesse a sonhar! Fiquei feliz e eufórica! Não podem imaginar como eu me sentia hoje, parece que flutuava, de tão importante que isto é para mim. Infelizmente, a alegria deu lugar à tristeza quando o médico me disse para meu espanto que tinha o reservatório ao contrário!!!! Disse-me que é normal, que acontece a algumas pessoas quando emagrecem, mas normalmente é fácil virar. Ele tentou e tentou, chegando até a magoar-me um pouco ao princípio, mas depois esqueci tudo, só queria que ele conseguisse virá-lo e apertar finalmente a banda, mas o que ouvi ao fim de várias tentativas foi: "Não te vou massacrar mais.Não dá, paciência..." - tive que me conter muito.Agora vou ter que voltar a esperar que ele me chame para fazer uma pequena cirurgia para virar o reservatório e finalmente poder calibrar a banda. MAS QUANDO????? QUANTO VOU EU ESPERAR MAIS???
Saí de lá e desatei a chorar compulsivamente, nem conseguia pensar. Liguei ao Principezinho, que me pediu por favor que me acalmasse, que eu tinha tempo de emagrecer e não era o fim do mundo.
Depois, e por estar em jejum à várias horas (das 13:30h até às 18:30h), tirei um sumo numa máquina para beber, pois se comesse o que quer que fosse, no estado que eu estava, o mais certo era vomitar logo. Com os nervos deitei metade do sumo por cima de mim, nem sei como cheguei à paragem! Tive que ligar para casa para me irem buscar.
Talvez a vocês vos pareça exagerada esta minha reacção, mas eu quero muito emagrecer, já esperei quatro anos para colocar a banda, esperei seis meses pela calibração, e no meio disto já são cinco anos de luta x 22 kilos perdidos, DEZ dos quais eu perdi por mim antes de colocar a banda!! E já não suporto ouvir piadas de pessoas da minha familia a dizerem que eu precisava era de duas bandas e que estou tão magra que nem me vêem ou que fulana e sicrana já perderam 50 kilos e só eu não consigo! Logo eles que deveriam ser os primeiros a saber que eu sou diferente!!! Isto magoa-me muito! Além de que estou sem qualquer acompanhamento psicológico. Eu NÃO VOU NEM QUERO DESISTIR, apenas me sinto muito cansada, diria até devastada, especialmente a nível psicológico, desta luta desigual.

Obrigada a todos por me ouvirem!

;)********************


PS: Em relação aos batidos da Herbalife deixei em stand by por causa do Natal e de pensar que ia calibrar a banda, mas vou em breve recomeçar e depois conto-vos!! ;)



segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Experiência nova



Olá a todas!

Como ainda estou à espera de calibrar (apertar) a banda desde Agosto, estou a perder peso muito lentamente (quase parando). O facto de não estar a engordar é extremamente positivo, mas toda a gente gosta de ver resultados e eu não sou excepção, então resolvi experimentar algo novo.
Uma familiar minha está a fazer dieta e aderiu aos produtos da Herbalife, então, um dia eu fui com ela a uma das formações que eles promovem e onde abordam vários temas: comer fora, alimentos calóricos, o intestino, etc etc. O ambiente era simpático, assim como as pessoas que nos receberam, fazem-nos sentir à vontade, e, como também lá estão outras pessoas com o mesmo objectivo de perda de peso, esse torna-se um excelente incentivo e ajuda.
Eles têm lá uma nutricionista, com a qual me aconselhei e que me disse que podia tomar os produtos deles, mas como não sou nenhuma maluca e gosto de saber com que linhas me coso, resolvi ligar à minha nutricionista para uma segunda opinião. Pensei que ela me ia dizer logo para esquecer a ideia e não tomar nada, que era tudo uma aldrabice, etc, etc, mas qual não foi o meu espanto quando a oiço dizer que conhecia e estudou os produtos da Herbalife e que eram de boa qualidade, mas que era como tudo o resto (banda incluída), se não se seguir o plano da dieta não há milagres e há inclusive o risco de voltar a engordar. Só que eu sei o que quero, sei quais são os meus objectivos e vou lutar até ao fim! Vai ser uma ajuda extra enquanto não calibro a banda.
Vou tomar um kit de produtos denominado de Kit ShapeWorks, composto por:

*Fórmula um
, um batido para substituir a refeição. Este batido tem cerca de 220/240 calorias e sacia bastante. Mas quem ficar com fome pode comer uma peça de fruta a seguir. Existem vários sabores à disposição: baunilha, chocolate, cappucino, morango, biscoito & nata e frutos tropicais. Eu escolhi biscoito & nata.

*Fórmula dois,
um complexo multivitamínico para assegurar as nossas necessidades diárias de vitaminas e minerais e não ficarmos fraquinhas. :P

*Fórmula três, um suplemento de proteínas personalizado que nos ajuda a não ficar flácidas enquanto perdemos peso.

*Farelo e ervas que tem alto teor de fibras e serve para eliminar do nosso corpo desperdícios e toxinas, auxiliando o funcionamento do intestino.

Com este programa pode perder-se até 4 kgs por mês, tudo depende do nosso empenho. Em princípio devo começar depois de amanhã e logo vos direi da minha justiça quanto a sabor, resultados e efeitos no organismo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cada dia é um novo dia...


Cada dia é um dia...
Não importa o quanto eu hoje esteja cansada de lutar ou se o peso do meu desânimo é muito superior ao que a balança me aponta. Não importa se eu hoje fui abaixo, blasfemei e disse entre lágrimas que ia desistir. Não importa se a balança não me mostra o que quero ver ou se não vejo resultados tão rápidos quanto gostaria. Poderia dar-vos muitos motivos para o que não importa, mas ao invés disso, dar-vos-ei ainda mais para o que realmente importa:

*Eu hoje respiro melhor.
*Eu hoje ando melhor.
*Eu hoje ando de transportes públicos.
*Eu hoje consigo dançar!
*Eu hoje "tenho cara".
*Eu hoje quero viver!
*Eu hoje vejo a vida com outros olhos.
*Eu hoje tenho objectivos.
*Eu hoje não me limito a existir.
*Eu hoje não me limito a sobreviver.
*Eu hoje posso comprar roupa mais bonita.
*Eu hoje posso brincar com a minha sobrinha!
*Eu hoje sou mais segura e confiante.
*Eu hoje consigo achar-me bonita.
*Eu hoje sou mais feliz!
*Eu hoje sei do meu valor.
*Eu hoje consigo fazer caminhadas.
*Eu hoje como mais e melhor.
*Eu hoje prefiro comida saudável.
*Eu hoje como fruta, peixe e legumes com frequência.
*Eu hoje tenho mais orgulho em mim.
*Eu hoje não desisto!
*Eu hoje tenho vida!
*Eu hoje rio mais do que choro.
*Eu hoje sou mais positiva.
*Eu hoje tenho força de vontade.
*Eu hoje sei que "sem dor não há ganho".
*Eu hoje sei que fazer dieta não é passar fome.
*Eu hoje tenho-vos como modelo, inspiração e exemplo a seguir!
*Eu hoje sei que ainda tenho um longo caminho pela frente, mas sei também que o percorrerei sem voltar para trás.
*Eu hoje quero, posso e vou conseguir!



Volenti nihil difficile (lat.) Nada é difícil a quem quer; querer é poder.




PS: Eu hoje estou de parabéns pois já peso 103,400 kgs!